sexta-feira, 9 de abril de 2010

Nos séculos XVI e XVII, a Matemática apresentou rápido desenvolvimento em relação aos séculos anteriores devido aos estudos de matemáticos italianos (entre eles Galileu, 1564-1642), e outros estudiosos europeus que se preocupa- ram, cada vez mais, em unir o experimental ao matemático e trabalhar com simbolos manipuláveis.
1612/1617 - John Napier, escocês, usou pela primeira vez o ponto decimal , inventou os logarítmos e algumas "máquinas" de multiplicação. Em 1614, Napier criou o sistema com base na progressão geométrica de potências relativas ao número 1. A cada potência Napier designou um número e chamou-o de logarítmo. O log de 1 era 0 e o log de 10 era 1. Ao se construir uma tábua de logarítmos, para multiplicá-los ou dividi-los bastava somar ou subtrair seus logarítmos. Isto é, o logaritmo de a vezes b é igual ao logaritmo de a mais o logaritmo de b. Dessa forma, a multiplicação e a divisão de números enormes foram reduzidas às simples operações de adição e subtração.
EM 1617, Napier inventou uma série de cilindros denominados "Ossos de Napier" (ou Bastões de Napier) que continham uma série de quadrados com números . Ao ajustar alguns quadrados junto a outros, podia-se multiplicar e dividir os números.
Henry Briggs, professor de geometria em Oxford produziu uma Tábua de Logarítmos e publicou um livro sobre logarítmos, desenvolvendo tábuas até com 14 decimais.
A régua de calcular foi um outro instrumento resultante da invenção dos logarítmos.
1621/1633 - William Oughtred, sacerdote inglês, criou um instrumento baseado nos logarítmos de Napier, Círculos de Proporção, precursor da régua de calcular que foi a primeira calculadora usada por engenheiros nos séculos XIX e primeira metade do século XX . Originalmente era circular e tinha a precisão de três dígitos, o que não era muito precisa para os contadores. O instrumento inventado em 1621 tinha duas peças de madeira planas com escalas de números com distâncias proporcionais a seus logarítmos. Uma corria sobre a outra e dependendo da direção, poder-se-ia ter resultados de multiplição ou de divisão.
Apesar de não ser muito precisa, prestando-se atenção ao ponto decimal, a régua de calcular permitia aproximações que permitiam respostas adequadas aos problemas de divisão e multiplicação. 1623 - William Schickard, alemão, descreveu uma máquina, o "relógio calculador", que combinava o conceito dos "Bastões" de Napier com um adicionador que permitia ao usuário multiplicar números de muitos dígitos. Tinha dispositivos que permitiam a memorização de resultados dos cálculos intermediários e uma campainha que soava quando os cáculos excediam a capacidade da máquina. A máquina foi destruída em um incêncio e a descrição foi enconctrada em uma carta que Schickard enviara a Kepler. 1623-1662 - Blaise Pascal inventou uma máquina, a "Pascaline", que utiliza rodas dentadas que permitem realizar a adição e subtração. Com 10 posições (de 0 a 9), cada vez que uma engrenagem passasse da posição 9 em direção à posição 0, a engrenagem a esquerda avançava uma posição. Pascal não foi o primeiro a fabricar essa máquina, mas foi o primeiro a torná-la pública, com alguns exempalres vendidos.
1673 - Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), usando uma engrenagem cilindrica dentada concebe uma máquina capaz de executar as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão. Apenas um exemplar foi construido.
Leibiniz tem importância fundamental para a História da Computacão. Precursor da Lógica Matemática (procurando livrar a Lógica das possíveis ambigüidades semânticas, aproximando-se de uma Lógica simbólica), buscou a mecanização dos processos de raciocínio.
No século final do século XVIII, com a associação da máquina à força do vapor, instaura-se o sistema fábril em grande escala aumentando a oferta de mercadorias para o comércio interno e externo. A indústria (ferramentas e máquinas) e a agricultura (técnicas novas aumentando a lucratividade) provocam uma revolução nos transportes (século XIX) com o surgimento das estradas de macadame, construção de estradas, abertura de canais, ferrovia, navio a vapor. Cada vez mais, necessitavam-se de tabelas numéricas, principalmente na navegação.
Charles -Xavier Thomas de Colmar (1785-1870), francês, construiu uma máquina de calcular conhecida como aritmômetro, portátil e fácil de usar (1500 máquinas vendidas em 30 anos).

História das Calculadoras Gráficas (foco nas HP´s)

Não é preciso ser nenhum gênio em psicologia ou afins para descobrir que sou fascinado por calculadoras! Este é um amor que tenho desde os 5 anos, quando queimei uma calculadora do meu pai por alimentar ela com 6V de uma fonte, em vez dos 3V necessários (mas o display, de tudo de leds, ficava tão mais bonito!).

No Brasil, falar de calculadoras gráficas é falar de HP. Temos a banda de pagode Inimigos da HP para atestar isso. Mas não foi esta empresa a criar a primeira calculadora gráfica. Esta honra cabe à Casio: em 1985, a empresa lança no mercado a calculadora FX-7000g. Esta calculadora tinha 422 bytes de memória, armazenava até 10 programas, e um display de 96×64 pixels (8/16 caracteres). Podemos ver que o mundo das calculadoras gráficas não evoluiu muito, pois a mais moderna HP, a 50g, possui um display de 131×80, não muito maior que o display da primeira calculadora gráfica!

Em 1987 a HP entra no mercado com essa belezinha ao lado, a linha 28C e 28S. O display desta calculadora é de 131×32, e mostra três linhas de stack mais uma linha para os labels dos softkeys (os nomes das teclas de função!). Sim, tenho certeza que os possuidores de uma HP já olharam para essa foto ao lado e pensaram “Mas a calculadora não evoluiu nada!”. E sim, estão certos! A evolução das calculadoras ocorreu em avanço de memória e processamento: a HP-28C utilizava um processador Saturn de 640kHz, enquanto a 28S tinha um processador clockado a 1MHz. Esta calculadora foi a primeira a resolver equações simbólicas (função de x, gente!).

A evolução desta calculadora deu origem a famosa linha 48. HP48, 48S, 48SX, 48G, 48GX e 48G+ são a mesma calculadora, mudando somente a memória disponível. Um display de 131×64 pixels, porta de comunicação RS-232 (possibilitando a desenvolvedores criarem programas de aquisição de dados para a mesma) bem como uma porta infravermelha (que é utilizada para a troca de informações e também pode ser utilizada como controle remoto de TV´s!). O processador Saturn clockado em 2MHz nas 48, S e SX, e 4MHz nas outras, e um sistema de programação avançado, nomeado RPL, um codinome entre o RPN (Notação polonesa reversa) e Lisp, uma linguagem de programação. Nos anos subsequentes, e graças a crescente popularização da Internet, o número de programas disponíveis para a calculadora torna-se imenso, aumentando a usabilidade da mesma: desde bibliotecas novas, até ROMs modificadas e programas de PIM (personal informant manager), a usabilidade destas calculadoras foi extremamente melhorada.

E agora chegamos na bola fora da HP: a 49. Nesta calculadora, a empresa errou em praticamente tudo, perdeu muito de sua credibilidade no mercado, abriu espaço para as concorrentes. Vamos conhecer os fatos:

  • Utilizou o mesmo hardware ultrapassado da HP-48 (o processador Saturn de 4MHz).
  • Mudou de lugar e tamanho o botão ENTER. O símbolo das HP´s era o ENTER gigantesco e bem posicionado: os usuários tiveram que reaprender a utilizar o teclado da mesma;
  • Por falar em teclado, o mesmo era horrível. Um keystroke (tradução literal: teclada!) era registrado em duas, três vezes. O teclado também foi mal construído e se quebrava rapidamente. Era feito de borracha, algo que desagradou e muito aos fãs da marca.
  • A cor da calculadora: ao tentar dar uma aparência mais cool, a HP pisou na bola: esta calculadora é FEIA!

Tentando recuperar o mercado, a empresa lança a HP-49G+. Agora, o processador é clockado a 203MHz, embora o sistema seja emulado a 75MHz. Isto é feito para manter compatibilidade com o anterior, e programas escrito em uma nova linguagem criada, a UserRPL, podem trabalhar com a frequência máxima do processamento. Embora esta calculadora foi lançada para recuperar o prestígio da HP, isso não aconteceu: o teclado, embora não de borracha, é o pior de todos: barulhento, impreciso e extremamente frágil, muitos usuários trocaram a sua na garantia por 3 ou 4 vezes, e continuavam a experimentar os mesmos problemas! A tela piscava as vezes, ou remonta alguns dados (efeito bem perceptível no TGV, embora aconteça com algumas 50G também), este efeito conhecido como “terremoto”. A empresa foi melhorando a mesma, e as últimas calculadoras já vêem com o mesmo teclado das 50G, mais confiáveis. De pontos positivos, esta calculadora possui comunicação infravermelha IrDA, limitada a 10cm para impedir os estudantes de colar nas provas, o maior display até aqui (131×80), e um slot de cartão SD, permitindo a expansão de memória.

Na mesma época, é lançada a calculadora 48-GII, que pertence a esta nova linha das calculadoras. É uma 49 com um display menor, memória interna menor e sem slot SD. É uma linha econômica, para pessoas que não necessitam de programas na memória interna. (Não comprem esta calculadora: o display é muito pequeno, e você VAI precisar de memória interna! A economia feita aqui é dispensável).

Enfim, chegamos ao modelo atual: a 50G. Lançada em 2006, é, segundo os usuários, “tudo o que a 49G+ deveria ter sido”. Possui comunicação RS-232 assíncrona, sendo necessário um adaptador para utilizá-la como coletora de dados, como a linha antiga 48. O Equation Library, presente na linha 48 mas não na linha 49, volta. A HP abandona a tentativa de dar um look moderno para as calculadoras, e acerta em cheio: é a calculadora com aparência mais profissional após a 48-G+. Não existem grandes reclamações da mesma: o teclado é durável (embora, lançada em 2006, só temos 3 anos de amostra), são raros os bugs, enfim: se você pretende comprar uma gráfica, compre esta. A economia que pode ser feita comprando uma versão anterior (como a 48GII, por exemplo) é perdida ao se ver as qualidades desta. E o preço nem está tão diferente: enquanto uma GII custa 250-350, esta custa 350-500 (reais), onde procurando bem, você acha por um bom preço.

A Casio evoluiu a sua linha de calculadoras, e possuía uma linguagem de programação BASIC. Existe uma comunidade ativa na internet, mas em muito menor número que a das HP´s. Digno de nota, a empresa lançou a ClassPad 300, a única calculadora gráfica com um display touchscreen. A última versão do sistema operacional é cheia de bugs, e a calculadora não têm muito sucesso.

Temos a Texas Instrument, com as suas calculadoras TI. Iniciando com a TI-81, são calculadoras poderosas, mas não são difundidas no Brasil por um motivo: ninguém as têm, portanto, com quem você irá trocar informações?

As calculadoras TI são excelentes, e farei um artigo sobre elas. Muito mais modernas que as HP´s, ganharam o espaço desta empresa nos Estados Unidos, e, em menor parte, na Europa. Quer saber o porque? Enquanto não escrevo sobre, deixarei somente duas fotos, dos modelos atuais, e todos entenderão ;) .

Voyage 200. Parece um PDA, certo? Vêm com programas como editor de planilhas, por exemplo. E, a ainda mais moderna:

TI-Nspire CAS. Só para comparação: a HP-50g têm 2,6 MB internos. Esta belezinha ao lado? 32 de Flash, 32 de SDRAM e 512kb de NOR Flash, onde fica o sistema operacional. Mamamia! E o que falta nesta calculadora para ela ser perfeita? A resposta é : RPN!

Desculpem pelo extenso artigo, boa semana a todos!

10 Respostas para “História das Calculadoras Gráficas (foco nas HP´s)”

  1. Alberto Silva Disse:

    Eu já tinha aqui em casa uma HP 48G emprestada(a mais de 2 anos) mas está com o display estranho por causa de um acidente que ela teve no sol. Eu até a usei para fazer umas provas de circuitos, resolver fasores é uma maravilha com ela, e resolver tb sistemas lineares.
    Mas foi a partir de uns posts do teu blog que me fizeram comprar tanto a HP 50G quanto o N800(devido tb a promoçao).
    Com a HP 50G, essa q tenho que dominar, pq é um pouco diferente do modus operandi da 48G, oferece uma gama infinita de opçoes para resoluçao de problemas, principalmente na faculdade, já que no trabalho, uma calculadora cientifica me atende perfeitamente, e tem uns posts bem interessantes sobre a HP aqui no teu blog, TGV é um programa must have, e tambem no blog da Camila Soares, o Engenheirando.
    Ah, por dica daqui tambem, já comecei a usar o sistema RPN. E já notei algumas melhoras…
    Mas ainda tenho algumas dúvidas em relaçao a calculadora.
    P.Ex. Ela vem com slot de cartao, e a minha veio com um SD de 1gb, mas até agora nao vi o pq de ter um cartao tao grande, é pela facilidade de troca de arquvios entre o pc e a HP, ou teria um programa que ocuparia um espaço maior que o que acho?
    Outra pergunta, ainda no RPN, se utilizar o Algebric, e construir uma equaçao com ele, poderia substituir um valor pelo Edit e alterar alguns valores para obter respostas diversas, com outros valores, mesma eq, mas outros valores, como faria isso com o RPN?
    Desculpa as perguntas, mas é que em nenhum lugar, em portugues, achei as respostas para as perguntas.